Faz sete anos.
Sete anos desde a última vez que meus dedos bateram nesse teclado com a intenção de dividir o que fervia aqui dentro. Dia 27 de junho de 2018. Eu nem lembro o que eu comi naquele dia, mas lembro o que eu sentia. Era o fim de uma era e eu nem percebi.
De lá pra cá, o mundo virou de cabeça pra baixo e deu umas três cambalhotas.
Em 2019, o céu ainda era azul e a gente sonhava alto. Aí veio 2020 e calou o planeta. Máscaras, álcool em gel, medo, saudade. O mundo inteiro trancado dentro de casa, e eu trancado dentro de mim. Teve gente que a gente perdeu e nem pôde se despedir. Teve solidão, teve silêncio, mas também teve reencontro com o que somos quando o mundo para de exigir tanto.
Depois disso, tudo pareceu correr. O tempo ficou esquisito. Veio o tal "novo normal", que de normal nunca teve nada. A tecnologia avançou como um foguete: inteligência artificial, realidade virtual, o metaverso que virou meme. O TikTok virou referência cultural. O Instagram engoliu o mundo. E a atenção virou produto.
A política? Um turbilhão. Brasil trocou de presidente, voltou, brigou, dividiu. Os EUA quase viraram um reality show. A guerra voltou à Europa com a Ucrânia. Israel e Palestina reacenderam chamas antigas. A gente começou a se acostumar com o absurdo.
E na música... ah, a música. Quantas bandas acabaram, quantas voltaram. Quantos sons novos nasceram no quarto de alguém e explodiram no mundo. E mesmo assim, o vinil voltou a girar, como se o passado dissesse: “calma, ainda tô aqui”.
E eu? Eu mudei. E muito. Morri e renasci umas dez vezes. Perdi amigos, ganhei outros. A vida me ensinou que o tempo cura, mas também arranca à força. Aprendi que algumas dores a gente não supera, só aprende a carregar. E que tem amores que viram cicatriz bonita. Tem outros que viram música. Ou tatuagem.
Hoje eu voltei aqui, nesse cantinho esquecido da internet, não pra dar um espetáculo de retorno triunfal. Voltei porque senti falta de conversar com esse meu eu antigo. O que sonhava sem medo. O que acreditava que escrever podia salvar alguma coisa — talvez até ele mesmo.
Se você tá lendo isso, saiba: nada é em vão. Nem os silêncios. Nem os anos longe. Tem coisa que só amadurece no escuro.
Esse blog é como uma velha camiseta de banda que eu não uso mais, mas que nunca tive coragem de jogar fora. Porque ela lembra quem eu fui. E talvez, ainda seja.
Talvez eu volte a escrever. Talvez não. Mas hoje, pelo menos hoje, eu estou aqui.
E é bom estar de volta.
— Lech